quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cópia

Tenho muito a falar
Mas nada a dizer
Oculto minha opinião
Pois não me agrada a opressão
Escrevo o que nem sinto
E começo a sentir o que profiro
Afinal me agrada o atrito
Finjo saber o que falo
Pois minha mentira agrada
Todo poeta é um manipulador
Maquiavelicamente  escreve
Sentimentos que não sente

Mariana Bernardes

Traço nosso tempo

Há pouco tempo foi nosso tempo
O mundo devora quem o teme
O temor aguarda aqueles que sentem.
Encontrei sozinha o que vi em outro
Traço, meus versos simples nada falam.
Desenhei meu lar e nele
Só vejo teus sons
Com a cabeça no teu peito
Sincronizei nossas vidas
Em uma equação particular
Nosso ritmo, nosso tempo
Desenhei meu lar e nele
Só ouço nossos sonhos.
Há pouco tempo é este nosso tempo
Há muito pouco ele foi embora
E agora estamos juntos
Em nossas mentes separadas
Sou as folhas escritas espalhadas,
Sou o que sei, mas não sei nada. 

Mariana Bernardes

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Parte

Fazer parte de
Sem pódio
Sem e cem chances
De deformar seus rostos
Transformá-los em Cubismo
Transformar toda a pobreza
Grande parte da pobreza mental
Mediocridade sem final
Fazê-los virar arte
Distorcida e indecifrável
Fazer parte de
Algo a mais

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Três


Não me venhas falar de amor
Pois não há como sobrepor um ao outro
Minha lamúria foi demais
Passa ao meu direito, limite
Fazê-lo  ir pelo caminho que construí
Pelo o que recebi
Este verme nos comerá por dentro
E sugará o que se considera amar
Abutres comerão nossas carnes, separadas
E mosquitos, por fim, nos drenarão
Até o último momento
De amores sobrepostos, compostos e sofridos
Ao final estaremos separados
Pelas leis que a natureza nos impôs
Por tudo que vivido foi

terça-feira, 21 de junho de 2011

Religião

Infames curvas do destino
Aonde me levaste
Reencontrei-me com quem acreditava já ter matado
Um alguém obscuro de batismo
Procurando luz onde todas as cores se encontram
A ausência de todas traziam-me uma centelha
Acima e mais fundo, um claro
Qualquer que fosse
Algo de caos em meio à tanta ausência 
Incomum que mostraram-me a escolher
O atraso me adianta e me encontra mais à frente
Volto ao escuro querendo-o
Pois a luz já cegou-me em toda sua ausência 


Mariana Bernardes