quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Devaneio maior que os próprios versos


Os olhos, ao corpo
Dá vida.
A Morte, por ser vida
É dividida.
A vida, por ela mesma
Em tempos morre.
Minha escrita, por pulsar vida
Me percorre.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O ar de quem fomos


Os tempos que se foram correram,
E acho que nem sequer sei como falar
Do que houve conosco.
Ainda começo sem fim
E acabo sem ti.
Começo sem saber começar,
E termino sem saber acabar.
Desta vez não vou sentir raiva,
Ódio ou afeição por qualquer coisa que fomos.
Manterei o ar blasé
De quem não sabe começar.
De quem não sabe terminar.

Mariana Bernardes

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Perdão

Me perdoa,
Por não ser nada do que poderia ser.
Por ter te esquecido enquanto ainda lembrava de ti.
Por ter ido embora sem me despedir.
Me perdoa,
Por não chorar a tua perda.
Por não acreditar que foi embora.
Por não saber como honrar tua lembrança.
Me perdoa,
Pois não consigo mais lembrar de nós,
Não tenho coragem de olhar nossas fotos,
Não sei como dizer adeus.

Adeus.

Mariana Bernardes

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Carnaval

Se a luz apagasse por que já raiou o dia, viveria na escuridão.
O som que foi não volta para o barracão.
As ilusões desaparecem à todo instante,
Isto não é privilegio do carnaval.
A batucada está abaixando.
A madrugada não me traz nenhum amor.
Os instrumentos vão chorar,
O coro irá comer no terreiro,
Depois o carnaval acabará.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Maldito


Maldito és tu que me faz amar.
Maldito seja, desgraçado pela eternidade
De nós dois.
Não há homem nesta terra,
Que viva só de amor.
Maldito seja!
Está sugando o pior de mim.
O que me faz ser melhor,
Não é bondade ou felicidade,
É toda a desgraça que vejo
Em um qualquer me tornar.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Falando


Poderia falar das crianças,
Dos parques, palhaços, risos.
Bares, transas, gozos,
Amor ou paixão, paixão, paixão.
Poderia falar sobre o céu escuro
E sobre a terra cinza.
Sobre concreto e até sobre esgoto.
Sobre plástico bolha,
Ecologia, intelectuais e imbecis
Poderia falar de quem já morreu
De quem está vivo. De quem amo,
De quem detesto, de quem invejo.
Poderia também falar
Sobre belas moças e belos moços
Belos homens, belas mulheres.
Feras e Belas.
Sim! Eu poderia falar dos sapatos, escadas
Portas, casas, lares, canetas,
Mar, sexo, fogo e água.
Mas vou me limitar ao direito
De falar sobre o que eu poderia falar

Mariana Bernardes

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Cronologia


Não tenho ordem cronológica
Meu tempo é marcado por pessoas
Por fases e vícios
Arte pela arte e arte pelo nada
Não tenho ordem cronológica
Meu tempo perdeu o relógio
Sou guiado por outras partes de mim

Mariana Bernardes

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Fecundação

O lápis fecunda o papel.
Criei.

Autor desconhecido

Sintético


Hoje falo demais, em linhas demais.
Quando só quero dizer o que a alma pede,
Quando a alma pede.
Quando a alma encontra coração,
Daí vem a minha inspiração.

Mariana Bernardes